Tenho dividido meu tempo com as montanhas.
Ora lá, ora cá, o olhar se divide entre os homens e a natureza.
E com isso, me conecto e encontro inteireza.
Só fica bem na montanha aquele que não teme a solidão.
O sol, as infinitas araucárias, o mato, o cheiro de terra, de azaleias, eucaliptos, os animais silvestres, são todos um convite ao sagrado e ao olhar para nosso interior.
Fazem eco na alma.
E com isso, nosso mundo interior, banhado de memórias, sentimentos, pensamentos e projeções nos inundam vagarosamente. E com isso, tenho tido mais vontade de escrever, de dividir, de drenar o que a natureza me inunda.
Sim, as montanhas, se escaladas internamente, nos levam ao horizonte da natureza, mas acima de tudo, aos lugares mais recônditos do nosso mundo interior.
Vale o caminho e a contemplação que se almeja lá de cima ou aqui dentro.
(Texto escrito em 2020, início da pandemia do coronavírus)