O processo de luto é um longo processo que exige muito paciência.
“Paciências” na verdade.
Paciência com o mundo interno:
Com tanto barulho silencioso que ecoa dentro do enlutado.
Paciência com a duração da dor.
Com o vai e vem de emoções.
Com os pensamentos intrusivos.
Com uma mente que não responde às tantas demandas urgentes.
Com um corpo entorpecido.
Com a angústia que tantas vezes parece que vai rasgar o peito.
Com o medo do desconhecido do mundo sem a pessoa amada.
Com o nunca mais inicialmente insuportável.
Com as brigas com a espiritualidade.
Com as próprias expectativas sobre si mesmo.
Com o estranhamento desse novo “eu” imposto pelo luto.
Paciência com o mundo externo:
Com as tantas expectativas alheias,
Com os conselhos,
Com as frases que não ecoam,
Que às vezes ferem.
Poucas vezes acolhem.
Com os sumiços dos amados em tempos tão necessários.
Com as ofertas de cuidados que estão mais a serviço de quem testemunha a dor do enlutado.
Paciências.
Muitas.
Complexas.
Sem manual.
Aprendidas no dia a dia.
Fazer o quê?
Paciência.